Há algumas semanas a China, segundo maior economia mundial, vem enfrentando problemas por conta da situação da Covid-19 no país, que vive um novo surto. Dezenas de cidades estão em lockdown total ou parcial, com destaque para Xangai, maior cidade do país, que está com cerca de 4,5 milhões de pessoas confinadas em casa e 7,9 milhões com permissão para sair apenas dentro de seus bairros. Nesta segunda-feira (25) o país anunciou que teve 51 mortes por Covid-19 confirmada nas últimas 24 horas, o maior número desde fevereiro de 2020 – todas as mortes, segundo o governo, foram registradas em Xangai.
A capital, Pequim, ainda não está em lockdown, mas o aumento de casos vêm causando preocupação tanto para os moradores, quanto para as autoridades. O maior distrito da cidade, que conta com cerca de 3,45 milhões de moradores, isolou diversos prédios e irá exigir três testes semanais para os habitantes, após registrar 22 casos positivos no sábado (22).
Vale lembrar que o governo chinês adota a política chamada “covid zero”, que consiste em testagens em massa e lockdowns pesados mesmo quando poucos casos são confirmados, o que vem comprometendo a cadeia de suprimentos e causando uma desaceleração da economia não apenas local, mas também mundial.
Esse é o pior surto de Covid-19 no país em dois anos e fez com que, nesta segunda-feira (25), os commodities despencassem. O minério de ferro negociado na bolsa de Dalian recuou -10,73% a US$ 121,10. Enquanto o petróleo caía mais de 5% durante a manhã, enquanto o Brent desvalorizava -6,05% a US$ 99,73, o WTI caía -6,19% a US$ 95,75.
Enquanto isso, as bolsas locais e mundiais também despencam, pressionadas pelo temor de novos lockdowns no país. Hoje, o principal índice do país, o Xangai Composto, caiu -5,13%, a maior queda desde antes da pandemia (fevereiro de 2020). Na última semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial para 3,6%, ante expectativa de 4,4% – tendo a crise de Covid-19 na China e guerra na Ucrânia como alguns dos principais motivos.
Com isso, não é apenas os índices chineses que sofrem quedas. Somando a situação da China com a perspectiva de aumento de juros nos Estados Unidos, a maioria dos principais índices mundiais operavam em queda. Segundo o executivo de investimentos da Invest4U, Vinicius Felchack, o impacto dos lockdowns na China afetam todo o mundo.
“O novo lockdown implatado no país asiático vai muito além dos temores de novas cepas se espalhando pelo globo. O cenário é de cautela devido ao fato de que a China é basicamente o maior parceiro comercial das grandes potências econômicas, tanto para compra quanto para venda de insumos e produtos já industrializados. Com isso, há uma redução na demanda por commodities, que impacta diversas empresas na bolsa do Brasil e diminui também a retomada da atividade industrial, podendo alterar o crescimento ou a retomada econômica global. É importante ressaltar que a imposição de restrição nas 2 maiores cidades chinesas, resulta num menor consumo e numa parada na produção, afetando a cadeia de suprimentos e logística do mundo todo, já que há muitas empresas sediadas na região. O prejuízo no PIB nacional chinês deve alcançar 46 bilhões de dólares mensais com a medida, inviabilizando a projeção de crescimento do gigante asiático“, explica.