Nas últimas semanas, o mundo inteiro vem acompanhando com cautela o que acontece no leste europeu, mais precisamente, entre Ucrânia e Rússia.

O Executivo de Investimentos da Invest4U, Vinicius Felchack, explica que “desde o fim da União Soviética, a “mãe” Rússia vê os países vizinhos com um olhar superior, visto que foi o único deles que conseguiu superar o fim da dissolução, no fim dos anos 80. Fato é que não é preciso voltar tanto no tempo para lembrarmos que Rússia e Ucrânia não são um exemplo de paz. Em 2014, houve uma indexação de um território ucraniano pelos russos, a Crimeia. Dessa vez, o conflito parece estar ganhando ares ainda mais tensos e que podem gerar uma grande instabilidade econômica e diplomática no bloco europeu, como há muito não se via: leia-se Guerra Fria“.

A situação começou a piorar ainda mais nesta segunda-feira (21), quando o presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou um decreto reconhecendo duas regiões separatistas do leste da Ucrânia como independentes, em cerimônia televisionada. Segundo Putin, os líderes de Donetsk e Lugansk fizeram solicitação pública pedindo o reconhecimento.

“O que Putin deixou claro é que ele enxerga o avanço da Otan ao leste como uma ameaça existencial para a Rússia. Putin alega, sem fatos, que a Ucrânia está realizando um “genocídio” de pessoas que falam russo em Donbass e sugeriu que o conflito seja resolvido através do progresso da paz em Minsk – mesma estratégia que foi usada como pretexto para anexar a Crimeia“, explica Felchack.

No entanto, durante a noite de segunda, o presidente russo ordenou o envio de tropas para as duas regiões para “manutenção da paz”. Com isso, ele violou o Acordo de Minsk, firmado em 2015 entre o próprio Putin com o governo ucraniano, sob intermediação da Alemanha e da França.

Pouco antes do discurso de Putin, o porta-voz do Kremlin, já havia informado que “garantias de segurança agora são prioridade máxima”. Enquanto isso, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que não teme as sanções que serão impostas contra o país.

Mas quais serão as sanções?

Um dos primeiros países a responder foi o Reino Unido. Na manhã desta terça-feira (22), o primeiro ministro britânico, Boris Johnson, afirmou ao Parlamento que “o Reino Unido está sancionando os seguintes bancos: Rossiya, IS Bank, General Bank, Promsvyazbank e o Black Sea Bank, assim como três indivíduos”, se referindo aos executivos de alto padrão Gennady Timchenko, Igor Rotenberg e Boris Rotenberg.

Johnson ainda afirmou que espera que países aliados do Ocidente também imponham sanções e bloqueios financeiros à Rússia e alertou para os próximos passos da tensão no leste europeu.

“Devemos agora nos preparar para as próximas etapas possíveis do plano de Putin: a subversão violenta de áreas do leste da Ucrânia por agentes russos e seus mercenários, seguida por uma ofensiva geral por quase 200.000 soldados russos reunidos nas fronteiras no auge da prontidão para atacar”, avaliou. O primeiro ministro ainda afirmou que considera enviar mais apoio defensivo aos ucranianos.

A União Europeia terá uma reunião de ministros das Relações Exteriores europeus durante a tarde desta terça-feira para decidir sobre o uso de sanções, mas já adiantaram que é “óbvio” que elas irão existir. Na Alemanha, a primeira atitude, tomada já na manhã desta terça, foi anunciar a suspensão do acordo para a implementação do gasoduto russo Nord Stream 2.

O Japão também já se uniu aos países ocidentais e informou que “está pronto” para se unir aos Estados Unidos e ao G7 e dar uma “resposta forte” ao país russo.

Os Estados Unidos anunciaram um pacote de sanções contra a Rússia na tarde desta terça-feira. Entre as medidas, estão o corte da forma como a Rússia pede financiamento nos mercados internacionais (dívida soberana) e o envio de forças e equipamentos militares para os aliados bálticos da Otan, além de restrições aos membros e familiares da elite russa.