O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, teve alta de 1,62% em março, se tornando a maior taxa para o mês desde o início do Plano Real, em 1994. Já nos últimos 12 meses, a taxa acumulada ficou em 11,3% – também um recorde – é a maior variação para o período desde outubro de 2003, quando atingiu 13,98%.
Com isso, o índice está mais que o dobro acima da meta estipulada pelo Banco Central, que varia de 2% a 5% para este ano.
Grupos de despesa importantes para a composição do índice como alimentação, transportes e habitação registram altas de preços acima da média da inflação oficial. Segundo o executivo de investimentos da Invest4U, Vinicius Felchack, a alta da inflação é explicada pela alta dos combustíveis e pelo conflito no leste europeu.
“A divulgação do dado de inflação do país para março veio bem acima do esperado e surpreendeu o consenso de mercado. Um dos fatores que mais impactou o IPCA foi o reajuste nos combustíveis, que afeta desde o agro, até a indústria e a logística. É importante ressaltar que esse efeito desencadeou o avanço de preços em setores variados, como o botijão de gás e os aplicativos de transporte. Em resumo, o índice ficou elevado pelo cenário internacional e os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia e as sanções comerciais impostas à economia do país liderado por Putin“, explica.
Os preços dos alimentos, por exemplo, subiram 11,62% em 12 meses, puxados por itens como cenoura (166,17%), tomate (94,55%) e hortaliças e verduras (33,29%). Os transportes acumulam alta de preços de 17,37% em 12 meses, puxados pelos combustíveis (27,89%). A gasolina subiu 27,48%, o óleo diesel, 46,47% e o etanol, 24,59%. Também se destacam o transporte por aplicativo (42,74%) e o seguro voluntário de veículos (16,43%).
Já os gastos com habitação tiveram aumento de 15%, com variações de preços de 28,52% para energia elétrica residencial e de 29,80% para os combustíveis domésticos, o que inclui o gás usado para cozinhar.
Felchack ainda sinaliza quais são as consequências que isso pode trazer para a economia brasileira.
“Esse dado pode alterar a forma como o Copom irá definir a taxa Selic para as próximas reuniões ou até estender o ciclo de alta por um prazo maior do que o previsto, o que influencia diretamente o rendimento dos títulos de renda fixa do mercado e pode manter uma maior atratividade do investidor estrangeiro em alocar parte do seu capital no Brasil, mantendo o dólar em patamares mais baixos do que o observado desde abril de 2020“, finaliza.