O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira (15) que a inflação no Brasil está “bastante alta”, mas vê sinais de estabilização. Segundo Campos Neto, foram percebidos os efeitos das medidas do governo federal para conter os preços da energia elétrica e combustíveis.
No entanto, no setor de serviços os preços ainda continuam subindo. “A gente vê preços administrados caindo, um pouco pelas medidas. Mas serviços ainda está subindo. Parece que está estabilizando um pouco. Serviços é superimportante para a dinâmica da inflação”, ressaltou.
Em julho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou deflação de 0,68%, a menor taxa da série histórica, iniciada em 1980. No acumulado do ano, o índice medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou em 4,77% e em 12 meses em 10,07%.
O presidente do Banco Central destacou ainda que a inflação no país é principalmente um reflexo do cenário internacional. “A gente entendeu que essa inflação mundial ia contaminar o Brasil. A gente teve algumas que foram particulares do Brasil, como a crise hídrica e alguns processos inflacionários de alimentos que foram intensos no Brasil, que conseguiram agravar a parte de alimentos”, disse.
De acordo com Campos Neto, um dos fatores que levou ao aumento generalizado de preços foi o crescimento da procura por diversos produtos para além da capacidade produtiva do momento. “Quando a gente achava que o gargalo estava acontecendo por oferta, a gente viu que não, estava acontecendo por demanda”, disse.
Porém, segundo o presidente do Banco Central, as cadeias de produção já se ajustaram ao novo patamar de demanda. “Teve um ajuste grande na produção em algumas coisas. Semicondutores, por exemplo, ajustou muito a produção”, disse em referência aos componentes que, em falta, causaram grandes dificuldades a diversos segmentos industriais, como as montadoras de automóveis.
Para o próximo ano, Campos Neto disse que é preciso avaliar o impacto das ações que reduziram arrecadação ou aumentaram gastos do governo. “Existe uma preocupação com o [política] fiscal do ano que vem, pela continuidade das medidas que foram anunciadas recentes, como isso vai se encaixar”, finalizou.