Os funcionários chineses advertiram na terça-feira sobre medidas de retaliação adicionais contra os Estados Unidos em resposta aos esforços de Washington para limitar o acesso da China a chips de computador avançados, sinalizando um aumento na tensão comercial entre os dois países um dia depois que Pequim impôs restrições à exportação de materiais-primas essenciais para fabricar semicondutores.
Na segunda-feira, o Ministério do Comércio da China anunciou que está impondo restrições à exportação de Gallium e o Germanium a partir de 1º de agosto, citando interesses de segurança nacional.
O Gallium e o Germanium são usados na fabricação de vários componentes de alta tecnologia, incluindo chips avançados, baterias de veículos elétricos, radares e satélites. A China é o maior produtor mundial dos dois metais, de acordo com a Reuters.
Ainda não houve reação por parte de Washington, mas um ex-funcionário do Ministério do Comércio disse à mídia estatal chinesa na terça-feira que isso é “apenas o começo das contramedidas da China”, e advertiu que elas se intensificarão se forem impostas mais “restrições de alta tecnologia” à China.
A escalada de ameaças de Pequim tem levantado preocupações de que as medidas possam ser expandidas para incluir elementos de terras raras, essenciais para a produção de semicondutores e veículos elétricos. Estes elementos são fundamentais para a indústria moderna e qualquer restrição à sua exportação pode ter um grande impacto na economia global.
A China é líder mundial na produção de elementos raros, representando mais de 60% da produção global. Esta posição de destaque é quase quatro vezes maior do que a dos Estados Unidos. A China tem uma vantagem significativa em relação a outros países devido à sua abundância de recursos minerais e à sua capacidade de extrair esses elementos com custos relativamente baixos.
De acordo com dados da Critical Raw Materials Alliance, cerca de 80% e 60% da produção global de Gallium e o Germanium , respectivamente, são contabilizados pela China. Estes elementos químicos são considerados materiais críticos para a indústria moderna.
A visita da Secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, a Pequim para discutir a relação entre as duas maiores economias do mundo, ocorrerá apenas alguns dias após as últimas ameaças e restrições à exportação. O Departamento do Tesouro afirmou que Yellen se reunirá com autoridades chinesas para comunicar diretamente sobre áreas de preocupação e trabalhar juntos para enfrentar desafios globais. Esta viagem, que começa na quinta-feira, acontece poucas semanas após a visita do Secretário de Estado Antony Blinken ao país, onde ele se encontrou com o Presidente Xi Jinping.
Os semicondutores avançados emergiram como um campo de batalha diplomática chave entre os EUA e a China, à medida que as tensões entre os dois países continuam a ferver. A administração Biden tentou restringir o acesso da China a chips de primeira linha fabricados nos EUA, incluindo os usados em aplicações de IA, devido a temores de que eles possam ser usados para desenvolver armas ou ameaças cibernéticas.
No mês passado, o Wall Street Journal relatou que a Casa Branca pode expandir ainda mais essas restrições e proibir efetivamente a exportação de quase todos os chips de IA avançados fabricados por empresas americanas como Nvidia, AMD, Intel e Qualcomm para a China. Esta medida ainda não foi anunciada oficialmente e não está claro se ela pode desencadear a “escalada” que os funcionários chineses advertiram. No final do mês passado, as ambições da China para fabricar chips avançados foram atingidas com um golpe significativo depois que o governo holandês – supostamente sob pressão dos EUA – anunciou novas restrições à exportação de máquinas de fabricação de chips. As restrições visam a empresa holandesa ASML, que tem um monopólio quase global sobre máquinas de fabricação de chips avançadas.
