O Brasil vem enfrentando um grave problema no setor de saúde. Um levantamento realizado pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo revelou que 98,5% dos profissionais apontam falta de medicamentos nas redes privadas e públicas de farmácias e estabelecimentos de saúde no estado. Ao mesmo tempo, o Conselho Nacional de Saúde (CNSaúde) emitiu um comunicado na última segunda-feira (20) alertando para o risco de desabastecimento de insumos médicos e medicamentos.
O levantamento em São Paulo feito com 1.152 profissionais das redes pública e privadas mostrou que os medicamentos mais em falta são os antimicrobianos, com relatos de escassez por 93,4% dos farmacêuticos. Os mucolíticos, para aliviar os sintomas de infecções respiratórias, estão em segundo lugar, com 76,5% dos profissionais afirmando que há escassez desse tipo de produto. Os anti-histamínicos, usados para alergias, são remédios que faltam nos locais de trabalho de 68,6% dos profissionais, e os analgésicos, em 60,6%.
A maior razão para a falta dos medicamentos, segundo os profissionais, é a escassez no mercado, apontado como fator por 933 dos entrevistados. A alta inesperada da demanda foi mencionada por 561 dos profissionais ouvidos. Uma parte dos participantes (459) citou ainda falhas dos fornecedores e 222 disseram que os preços estão acima do razoável.
Segundo o Conselho Regional de Farmácia, a maior parte dos medicamentos em falta é integrada por formulações líquidas, o que afeta em especial os pacientes pediátricos, que têm mais facilidade de ingerir os medicamentos dessa forma.
No começo do mês, o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems já havia alertado para a falta de medicamentos nas farmácias e hospitais de todo o país. Na época, eles informaram que a dipirona monoidratada 500mg injetável estava em falta em todos os estados, mas que outros medicamentos, desde antibióticos até remédios de alto valor para o combate ao lúpus, e às síndromes de Guillain-Barré e Crohn também sofriam com a escassex.
De acordo com o Conselho Regional de Farmácia, além das falhas logísticas que afetam diversas cadeias industriais em razão da pandemia de covid-19, a guerra na Ucrânia e as fortes restrições de circulação para conter os surtos de coronavírus na China também prejudicam o abastecimento de remédios.
Desabastecimento de insumos médicos
O presidente da CNSaúde, Breno Monteiro, revelou durante uma entrevista à CNN que 49% das clínicas de imagem estão com dificuldade para comprar contraste radiológico, enquanto 75% das clínicas de hemodiálise encontram dificuldade para encontrar soro hospitalar, produto essencial para a prestação do serviço. Mais da metade (54%) dos prestadores afirmaram encontrar dificuldade para a compra dos produtos nas próximas três semanas.
“Nesse cenário, em que as solicitações para entrega dos medicamentos estão levando um prazo de 30 dias, temos um gap de desabastecimento de 15 dias, diante dos relatos de estoque que devem durar somente nesse período”, explicou Monteiro.
Os insumos hospitalares fundamentais, que tem faltado e preocupam o setor, são o soro hospitalar e soluções parenterais. Essa situação já havia sido sinalizada no início do ano pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e pelo Conasems.
com informações da Agência Brasil