Em meio aos impactos da guerra no leste europeu e do nervosismo no mercado financeiro internacional, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), e o Fomc, do Federal Reserve (Fed), começam nesta terça-feira (14) as reuniões para definir o futuro da política monetária de seus respectivos países. As decisões serão anunciadas na quarta-feira (15).
Nas estimativas das instituições financeiras, o Copom deverá encerrar o ciclo de aumento de juros, apesar das pressões atuais sobre a inflação. Segundo a edição mais recente do boletim Focus, divulgada em 6 de junho, a Selic deverá passar de 12,75% para 13,25% ao ano, com alta de 0,5 ponto percentual.
Na ata da última reunião, os membros do Copom tinham sinalizado que pretendiam concluir o ciclo de alta da Selic porque as elevações dos últimos meses ainda estão sendo sentidas pelo mercado. No entanto, a guerra entre Rússia e Ucrânia passou a impactar a inflação brasileira, por meio do aumento dos combustíveis, de fertilizantes e de outras mercadorias importadas. Além disso, a instabilidade na economia norte-americana, que enfrenta a maior inflação nos últimos 40 anos, têm elevado a cotação do dólar em todo o planeta.
Já nos Estados Unidos, a expectativa do mercado também é de uma alta de 50 pontos base, no entanto, um aperto mais agressivo do Fomc na política monetária, com um aumento de 0,75 ponto percentual, não é descartado. O país norte-americana passa por sua pior inflação dos últimos 40 anos.
“A super quarta dessa vez ganha mais importância do que nas últimas reuniões de Fomc e Copom, devido ao fato de uma inflação persistentemente alta e, no caso dos EUA, acima do esperado mais uma vez. A maior economia do mundo pode ter que elevar os juros de forma abrupta, já que seus preços avançaram no patamar mais alto em 41 anos. Fora isso, o galão de gasolina por lá superou, pela primeira vez, a barreira dos cinco dólares. Com isso, o mercado já teme que o aumento nos juros tenha impacto forte no mercado de renda variável de forma negativa (aumentos os custos para a produção) e para a renda fixa de forma positiva (aumenta a atratividade dos ativos dessa classe). Contudo, o dólar também deve ganhar força nos próximos dias, vislumbrando que os títulos americanos são os mais seguros do mundo e agora pagarão uma taxa maior“, explica o Executivo de Investimentos da Invest4U, Vinicius Felchack.
“No caso do Copom, cabe ao comitê verificar se o ciclo de alta deve ter aumentos residuais, já que o Brasil iniciou o aumento da Selic desde junho de 2021, se adiantando ao resto do mundo. Com isso, o cenário é parecido: aumentando a atratividade da renda fixa e deixando mercado de renda variável com mais risco do que retorno. Nesse momento, o que vale é verificar se o aumento virá com tom mais agressivo ou mais passivo, aguardando melhora no cenário externo, com o lockdown chinês e, principalmente com o fim da guerra na Ucrânia”, finaliza.