Uma economia consiste em um grande número de atores econômicos que tomam decisões individuais. Desde Adam Smith, reconhecemos o papel extraordinário que os preços e os mercados livres podem desempenhar na gestão das decisões em um ambiente equilibrado e eficiente.
Em um modelo de concorrência perfeita, os preços de mercado e a capacidade de negociar de forma livre esses preços permitem que cada participante entenda e analise o mercado sem se preocupar com o que os outros participantes farão e, portanto, com o que eles de fato pensam.
Na vida real, no entanto, cada um se preocupa muito com o que as outras pessoas pensam, como elas agem e reagem. Quando as empresas precificam, elas devem formar crenças sobre como os outros irão precificar agora e no futuro.
A forma como os outros precificam dependerá de suas percepções de inflação, taxas de juros, etc. Quando os gestores assumem posições nos mercados financeiros, eles devem desenvolver a crença na evolução das taxas de juros de curto prazo, sabendo que as taxas de juros neste período, por sua vez, serão afetadas fortemente pelas expectativas do mercado.
Portanto, não é por acaso que a política monetária em particular está sujeita a muito debate sobre como as pessoas a interpretam, como as pessoas a percebem e assim por diante. Ao conciliar as expectativas do agente, a dimensionalidade das variáveis é grande e os resultados têm muita incerteza. Mas, como disse o ex-presidente do Federal Reserve Ben Bernanke, quando o banco central articula seus pontos de vista com mais clareza, os preços de mercado são mais eficientes em termos de informações e as expectativas do mercado estão mais próximas das expectativas do próprio banco central.
Nesse sentido, os economistas utilizam a sugestiva metáfora das “manchas solares” para compreender a dinâmica dessa importante coordenação.
Suponha que todos na economia observem a atividade do nosso glorioso Sol. Quando a atividade solar é alta, os atores econômicos esperam alta inflação, o que os leva a estabelecer preços altos, o que se traduz em alta inflação. Quando há menos atividade de manchas solares, os agentes econômicos mantêm os aumentos de preços baixos, de modo que a inflação será baixa.
Neste mundo, a atividade solar não está intrinsecamente ligada à inflação. É uma variável aleatória externa. Do ponto de vista de cada participante, a atividade do sol tem se mostrado um bom preditor do comportamento de preços dos demais, tornando-se, assim, um importante determinante de suas decisões de precificação.
Agora o sol saiu e o banco central entrou.
Uma maneira de resumir a visão moderna das expectativas dos bancos centrais é dizer que eles desempenharam com sucesso o papel do sol. A “eficácia do banco central como o sol” exige que suas declarações sejam muito transparentes e reflitam fielmente sua visão real da economia.
Claro, a situação real é mais complicada do que isso pode parecer. Da mesma forma que os anúncios do banco central transmitem informações verdadeiras diretamente relevantes para os atores econômicos, eles também podem transmitir informações sobre as ações futuras do banco central e o estado da economia.
As dificuldades surgem quando não há boa política monetária nem coordenação eficaz das expectativas.
Se o banco central puder conciliar com sucesso as expectativas do mercado e tiver um histórico de políticas bem-sucedidas, os participantes do mercado confiam na autoridade e valorizam muito os anúncios deste banco central. Isso até os faz levar informações privadas menos a sério, a confiança vem de sua autoridade e coordenação monetária.
Os bancos centrais viram o sol e têm um enorme impacto no comportamento dos agentes, afetando positivamente os preços e a economia. Nesse sentido, desde que o banco central tenha credibilidade no mercado e saiba se comunicar, ele pode realizar a coordenação esperada efetiva e empurrar os preços na direção dos cenários que usam como base, orquestrando a economia com leveza, o que sabemos nem sempre ocorrer.
Cada banco central constrói seu brilho durante a história, para ser considerado um sol pelos agentes econômicos, só sua autoridade e seus atos.
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