O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou na manhã desta quinta-feira (7) que renunciaria à liderança do Partido Conservador, consequentemente deixando também o cargo de primeiro-ministro – ontem (6) ele havia dito que não renunciaria mas cedeu à pressão. O premiê britânico deve ficar como interino até que seja escolhido um substituto para ele.
“Concordei com Sir Graham Brady, líder de nossos parlamentares, que o processo de escolha desse novo líder deve começar agora e o cronograma será anunciado na próxima semana. Hoje nomeei um gabinete para servir, como farei, até que haja um novo líder”, afirmou.
Na última sexta-feira uma nova crise no governo do premiê fez com que aumentasse a pressão para que ele deixasse o cargo. Na terça-feira (5) começou uma onda de saídas de importantes nomes da liderança, como o ministro da Economia e o secretário da Saúde, que fizeram fortes críticas ao primeiro-ministro, deixando cada vez mais insustentável a permanência de Johnson à frente do governo.
“É claramente agora a vontade do Partido Conservador no Parlamento que deve haver um novo líder e, portanto, um novo primeiro-ministro“, disse Boris Johnson durante seu pronunciamento.
Entenda a crise
No cargo desde 2019, o governo de Boris Johnson foi marcado por diversas polêmicas, sendo a mais recente – que estourou na última semana e foi a gota d’água para o Partido Conservador – começou depois que o premiê britânico nomeou o deputado Christian (Chris) Pincher como vice-líder do governo no Parlamento.
Pincher é acusado de abuso sexual – ele teria apalpado dois homens em um clube privado de Londres. Boris Johnson afirmou que não sabia das denúncias quando o promoveu, porém um ex-funcionário do governo revelou que o primeiro-ministro sabia sim das acusações. A polêmica fez com que começasse uma onda de demissões dentro do governo – começando pelo então secretário da Saúde, Sajid Javid, e ministro da Economia, Rishi Sunak, que publicaram cartas com fortes palavras contra Johnson. Afirmando que não confiavam mais no premiê. Ao todo, mais de 59 funcionários renunciaram ao seus cargos desde terça-feira (5).
Outra crise forte no governo aconteceu por conta das festas realizadas em Downing Street – residência oficial do primeiro-ministro britânico – durante os lockdowns impostos por conta da pandemia da covid-19. Foi aberta até uma investigação, apelidada de “partygate”, que denunciava diversas festas organizadas nas dependências do governo durante os períodos de isolamento – a imprensa britânica destacou a presença de Boris Johnson em várias delas.
O premiê pediu desculpas pelas festas, que incluíram desde celebrações de aniversário e natalinas, e até uma grande festa de despedida de um funcionário na véspera do funeral do príncipe Philip, marido da rainha Elizabeth II. Vale lembrar, que no funeral só puderam comparecer 30 pessoas devido às restrições impostas pela crise de saúde que assolava o mundo.
O governo de Johnson também se envolveu em uma polêmica causada pelo financiamento irregular de uma luxuosa reforma em Downing Street, com o dinheiro de um doador do Partido Conservador. O caso chegou a ser investigado pela comissão Eleitoral da Grã-Bretanha e segundo o jornal New York Times, o partido do primeiro-ministro foi multado em 17.800 libras (cerca de R$ 115 mil).